O concurso de ideias abordava uma área de 17 km entre o aeroporto e o centro de Montreal, hoje ocupada por um grande corredor de rodovias, viadutos e terrenos vagos. O objetivo era a requalificação da área. As propostas deveriam abordar a área através de 3 temas: uma paisagem emblemática para a área metropolitana, uma composição cenográfica da experiência de percurso do corredor e uma aproximação ao desenvolvimento urbano sustentável. No total foram 578 inscritos dos quais 3 foram premiados com as primeiras colocações e outros 11 levaram menções.
A parceria feita entre o escritório brasileiro zerOgroup com o uruguaio Fábrica de Paisaje saiu vitoriosa de uma menção com o projeto X-Ambiance(s), que tratou a área como um sistema único, que integrou a infra-estrutura à paisagem, gerando uma multiplicidade de ambientes. Ao intensificar a condição natural da paisagem e a condição infra-estrutural do território, o projeto procurou criar uma paisagem evolutiva e conectada entre si em seus diferentes níveis, através de um sistema não-linear de intervenções.
No nível da rodovia, a capacidade foi aumentada sem acréscimo de superfície. Os dois fluxos existentes foram reduzidos para duas pistas em cada sentido e foi criado um terceiro que terá seu fluxo alternado de acordo com a necessidade. Os espaços residuais permitem a instalação de uma linha de transporte público que conecta aeroporto e centro. Um campo piezelétrico será o elemento conector horizontal. As hastes flexíveis de diferentes alturas, com pequenos bulbos de LED em suas extremidades superiores, geram uma cenografia que remete aos campos agrícolas tradicionais com tecnologia de ponta, gerando energia e iluminação para o corredor.
As conexões transversais ao corredor foram feitas a partir de intervenções estratégicas, de programas variados, de acordo com forças contextuais, logísticas, estéticas ou performativas. Os volumes de forma anelar funcionam como pontes e túneis que atravessam o corredor e interagem com os territórios vizinhos. Os anéis tomam diferentes formas e configurações em função de sua localização no território e criam assim um campo emblemático ao longo do percurso.
Duas novas paisagens produtivas foram criadas para intensificar as especificidades existentes do território, reforçando ainda mais a conexão entre corredor e cidade. O Hydro-Parc Saint-Pierre se infiltra na cidade para recuperar a conexão da população com a água que foi perdida com a canalização do Rio Saint-Pierre. A abordagem da água como elemento produtivo é extensa através de programas de reciclagem com uso de vegetações filtrantes, produção de energia, lazer, criação de espaços socialmente ativos e ambientes.
A segunda paisagem produtiva foi criada através de um campo produtivo denominado de Parc-Pépiniere Saint-Jacques. De forma linear conecta-se a outros parques e faz a divisão de crescimento das árvores. Estas, uma vez em idade suficiente, serão comercializadas nos antigos galpões industriais renovados para esta função. O parque, um sistema territorial livre e aberto, responde a diferentes tensões e demandas sociais, produtivas e estéticas da área.
A infra-estrutura na cidade de Montreal também foi abordada, pois representava uma possibilidade de intensificar uma paisagem inexplorada. O projeto revela e conecta estas paisagens subterrâneas e cria uma nova paisagem urbana contemplativa.
Para os resultados completos, visite a pagina oficial do concurso: http://mtlunescodesign.com/en/projet/YUL-MTL-Moving-Landscapes-International-Ideas-Competition
Mais informações sobre os autores: www.zerogroup.org, www.fabricadepaisaje.org
